Quando se está sozinho a noite
Quando se está sozinho a noite.
Os olhos abertos.
O escuro ocupando todo o espaço.
Você não consegue distinguir os espectros.
Você sabe que está vivo mesmo sem ter ânimo para se mover.
Quando se está sozinho a noite.
E o silêncio oprime.
Você pode ouvir sons distantes e indistinguiveis.
Você sente uma estranha sensação de poder.
O poder de estar acordado quando todos estão dormindo.
Quando se está sozinho a noite.
Você pode tentar fingir que está sonhando.
Que nada é real.
Mas você sabe que está acordado.
Sabe que não tem saída. E que logo a aurora inexorável chegará.
Quando se está sozinho a noite.
É como se você estivesse em uma cruzada.
Mas você não sabe a missão.
Você não é covarde. Mas está confuso.
E é surreal. Porque é quando tudo faz mais sentido.
Quando se está sozinho a noite.
Você realmente se sente livre.
Você está em paz.
Mas logo o dia vai raiar. E você dormirá enquanto todos acordam.
Porque você quer estar morto quando todos querem viver mais e mais.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
Zircônio
Uma vez estava a caminhar
Por um triste caminho de Outono
Quando um brilho desacostumado
Às minhas retinas, avistei.
Tomei para mim o objeto
Fonte de brilho intenso
Por impulso, Por ilusão.
Sem que das implicações quisesse me dar conta.
Essa ação, hoje penso
Não é de minha natural conduta
E tão pouco condiz em algo
Com minhas integridades de ofício
Mas tal era o brilho raro
Aos meus olhos já descrentes
Que desafiei votos auto-impostos
E deixei-me, em consciencia, envolver.
Tratei do objeto com zelo.
Talvez mais zelo do que fosse preciso.
Ou mesmo, que o objeto merecesse.
Chegando a imaginar, de forma pouco saudável, que de minha posse ele sempre seria.
Tão inebriado estava
De possuir tão raro objeto
Que não pude ver quão estranho se me apresentava o óbvio:
Ele não refletia minha imagem!
Da tentativa vã de mantê-lo
Sempre dentro de meus domínios
Acabei por perdê-lo logo
Como a água que das mãos se esvai gentil e inexorável.
Logo o objeto estava
Em posse de outro dono
Que talvez por saber-se, ele sim, o verdadeiro senhor do objeto
Sem esforço ou preocupação, tinha-o sempre ao lado.
E agora quando caminho
Por tristes trilhas de Inverno
Pego-me a pensar nestas coisas
E me pondo a perguntar:
Por que motivo um zircônio
brilhou em meus olhos como se diamante fosse?
Terá, por um segundo sequer,
Sido meu aquele objeto?
Uma vez estava a caminhar
Por um triste caminho de Outono
Quando um brilho desacostumado
Às minhas retinas, avistei.
Tomei para mim o objeto
Fonte de brilho intenso
Por impulso, Por ilusão.
Sem que das implicações quisesse me dar conta.
Essa ação, hoje penso
Não é de minha natural conduta
E tão pouco condiz em algo
Com minhas integridades de ofício
Mas tal era o brilho raro
Aos meus olhos já descrentes
Que desafiei votos auto-impostos
E deixei-me, em consciencia, envolver.
Tratei do objeto com zelo.
Talvez mais zelo do que fosse preciso.
Ou mesmo, que o objeto merecesse.
Chegando a imaginar, de forma pouco saudável, que de minha posse ele sempre seria.
Tão inebriado estava
De possuir tão raro objeto
Que não pude ver quão estranho se me apresentava o óbvio:
Ele não refletia minha imagem!
Da tentativa vã de mantê-lo
Sempre dentro de meus domínios
Acabei por perdê-lo logo
Como a água que das mãos se esvai gentil e inexorável.
Logo o objeto estava
Em posse de outro dono
Que talvez por saber-se, ele sim, o verdadeiro senhor do objeto
Sem esforço ou preocupação, tinha-o sempre ao lado.
E agora quando caminho
Por tristes trilhas de Inverno
Pego-me a pensar nestas coisas
E me pondo a perguntar:
Por que motivo um zircônio
brilhou em meus olhos como se diamante fosse?
Terá, por um segundo sequer,
Sido meu aquele objeto?
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