Zircônio
Uma vez estava a caminhar
Por um triste caminho de Outono
Quando um brilho desacostumado
Às minhas retinas, avistei.
Tomei para mim o objeto
Fonte de brilho intenso
Por impulso, Por ilusão.
Sem que das implicações quisesse me dar conta.
Essa ação, hoje penso
Não é de minha natural conduta
E tão pouco condiz em algo
Com minhas integridades de ofício
Mas tal era o brilho raro
Aos meus olhos já descrentes
Que desafiei votos auto-impostos
E deixei-me, em consciencia, envolver.
Tratei do objeto com zelo.
Talvez mais zelo do que fosse preciso.
Ou mesmo, que o objeto merecesse.
Chegando a imaginar, de forma pouco saudável, que de minha posse ele sempre seria.
Tão inebriado estava
De possuir tão raro objeto
Que não pude ver quão estranho se me apresentava o óbvio:
Ele não refletia minha imagem!
Da tentativa vã de mantê-lo
Sempre dentro de meus domínios
Acabei por perdê-lo logo
Como a água que das mãos se esvai gentil e inexorável.
Logo o objeto estava
Em posse de outro dono
Que talvez por saber-se, ele sim, o verdadeiro senhor do objeto
Sem esforço ou preocupação, tinha-o sempre ao lado.
E agora quando caminho
Por tristes trilhas de Inverno
Pego-me a pensar nestas coisas
E me pondo a perguntar:
Por que motivo um zircônio
brilhou em meus olhos como se diamante fosse?
Terá, por um segundo sequer,
Sido meu aquele objeto?
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