terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fractais

Um dia, cansado do trabalho, Josef resolveu dar uma volta pelos jardim que se localizavam próximo ao seu local de trabalho. Após ficar sentado por um certo tempo em banquinho sem olhar para nenhum lugar específico, Josef se encantou com uma planta que até então não tinha notado. Seu cheiro, cor, texturas ..., tudo enfim era perfeito e ver aquela planta, poder tocá-la e sentir seu aroma encheu o coração de Josef de deleite e paz. Intrigado e encantado com o poder daquela pequena planta, Josef fez um esboço dela em papel depois comprou celofane e tinta. Comprou também uma essência que continha o mesmo aroma da planta. Durante horas fez um trabalho árduo de reproduzir artificialmente a planta. Terminado o trabalho, contudo, para sua decepção, o resultado não foi o esperado. Aquela peça criada por Josef não lhe trouxe a sensação que outrora experimentara.

A namorada de Josef, Helene, o informou que ele devia comprar uma muda ou semente da planta e plantá-la e assim teria de fato uma planta do mesmo tipo. Helene amava muito Josef e sempre dava conselhos a ele para vê-lo feliz. Embora nos últimos dias estivesse um pouco chateada, pois a fixação de Josef na tal plantinha o tinha feito esquecer-se um pouco de sua amada. Josef fez o arranjo, e embora agora tivesse um exemplar bem mais próximo do original, ainda assim o resultado não foi como o esperado. Ele tinha agora uma cópia da planta em seu escritório, mas ainda não conseguia reproduzir o sentimento experimentado da primeira vez que vira aquele tipo de planta no jardim.


Um amigo de Josef, Albert, que era cientista e adorava desafios, tentou ajudá-lo. Ele colheu um pouco do material da planta no jardim, isolou o DNA da planta, em laboratório, e o injetou em uma semente do mesmo tipo. Ao crescer, a planta resultante era um clone perfeito da planta no jardim..., mesmo aroma, mesma forma, mesma textura. Para o espanto de Josef aquilo ainda não surtiu o efeito esperado. E ele então desistiu de se preocupar em procurar pela sensação que sentira da primeira vez que viu a plantinha.

Um dia Josef estava saindo do trabalho e rumando para a casa de Helene por quem sentia forte saudade, e passou pelo jardim onde pela primeira vez tinha visto a plantinha. Josef se apercebeu disso e aproximou-se da plantinha a fim de sentir de novo a deliciosa sensação que tinha sentido na primeira vez. Mas ao invés disso, mesmo sentindo o mesmo aroma, a mesma textura e observando a mesma belíssima combinação de nuances de cores das folhas da plantinha, Josef não sentiu nada. Ele se deteve ali por alguns minutos, mas logo tirou o relógio de bolso e observou que já estava atrasado para encontrar-se com a bela Helene. Josef pôs-se a caminhar bem rápido pensando em como precisava urgentemente ter sua amada em seus braços.

Ben O'Buddy
Em homenagem a Bernardo N. Hodge e Franz Kafka (em memória)

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