sábado, 30 de outubro de 2010

O lamento das três Marias

Coaineadh Na dTri Múire - (tradução livre - Ben O'Buddy)

Oh Pedro, apóstolo. Tu vistes meu amado e iluminado filho?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Sim eu o vi. Estava cercado por seus inimigos esta noite.
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Venham comigo Maria Madalena e Maria Cleophas e chorem meu pesar comigo
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Mas Senhora,... como choraremos teu filho sem Seu corpo?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Oh bom senhor sabes do meu filho?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Oh minha mãe, sou eu teu filho. Não me reconheces?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

És o Bebê que carreguei nove meses em meu ventre?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

És Aquele que nasceu em um estábulo quando ninguém nos deu um cômodo?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

És meu Filho a quem amamentei?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Ouça, minha mãe. Não sinta pesar por mim.
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

É essa a marca dos pregos que fincaram-Te?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

É esse o ferimento da lança que atravessou Teu coração tão puro?
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

*Oh meu Filho. Tão grande é o teu fardo. Deixa que tua mãe ajude a carregá-lo.
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

Oh querida mãe. Cada um de nós deve carregar sua própria cruz.
Oh minha tristeza... Oh minha dor.

(* Os últimos dois versos pertencem ao poema "Coaineadh na Maighdine" e foram excertados posteriormente)


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mais do mesmo

Ei...
pessoa linda...
O que é que você faz aqui...
Olhando o caos, p'ra tentar se divertir?

Você sabe que é imperfeito... mas você ainda quer mais...
Por que você não nos deixa em paz?
Por que você não me deixa em paz?

Desses trinta e tantos anos nenhum foi feito p'ra mim...
E agora você quer que eu fique assim: igual a você.

É mesmo... como eu vou crescer...
Se cada um é o que é?

Quem vai tomar conta dessa gente?
Quem vai tomar conta da gente?

Quando a torre se desmorona...
Que otimismo que você sente?

Em vez de luz, só vejo trevas...
No fim de tudo...

Ooh... sempre mais do mesmo.
E não adianta dizer que não vai ser sempre assim...

Ooh... sempre mais do mesmo.
E no fundo não era isso mesmo que você sempre quis?

Ah...
Bondade sua me explicar, com tamanha exatidão...
Exatamente o que me falta p'ra ser como você é.
Eu já sabia há muito tempo que você pensava assim.

E agora você quer...
Que'o mundo seja melhor.
Mas não é tão fácil assim...
Pelo menos não p'ra mim.

Nunca é fácil para mim.

Enquanto isso... lá na enfermaria...
Todos os doentes,... contamos piadas...
Para enganar a dor.

(E muita gente continua sendo morta... morta... morta...)

Mais do mesmo. Urbana Legio Omnia Vincit.
Adaptação livre - Ben O'Buddy.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Praças

Eu fui na praça molhada...
Fiquei todo enxarcado.

Tive que ir na praça seca...
quase morri de gastura.

Fui na praça dos prazeres...
Só de raiva...

Prazer não tive.
Só mais uma estória p'ra contar.
E um rosto p'ra esquecer.

Vi a praça da amendoeira...
Na minha infância 'inda tinha a amendoeira.

Chorei na praça do Adeus...
Mas acho que só porque é praxe chorar por lá.

Na praça das memórias...
As estátuas dos Grandes me deram conselhos...
Pena qu'eu tenho memória curta pra conselhos.

Na praça do Agouro...
Passei correndo,... fazendo o sinal da cruz.

"Cemitério é praça linda,
que ninguém quer passear..."

Pois foi justamente lá
Qu'eu de fato sentei praça
Fiz da praça o meu lar.

Ben O'Buddy
Lira dos 30 Anos.

sábado, 23 de outubro de 2010

O sono e a morte


(Tradução livre de "John O'Dreams" - Arcady)

Quando a noite chega as pessoas vão para suas casas.

Suas jornadas estão concluídas e seus lares os acolhem.

Deitam-se em suas camas confortáveis e se aninham em seus cobertores

É hora de deixar a noite por conta do velho John O'Dreams.


Pela colina, o Sol segue seu caminho.

As preocupações do amanhã estão perdidas nos sonhos.

As estrelas no alto dos céus, a luz da vela se esvaindo.

É hora de deixar a escuridão por conta do velho John O'Dreams.


Ambos servo e senhor, à noite são homens comuns.

Todas as coisas são iguais quando o dia se foi.

O príncipe e o plebeu. O escravo e o homem livre...

Todos encontram conforto graças ao velho John O'Dreams.


Agora que você dorme, seus sonhos voam livres.

Os monstros do dia não podem alcançá-lo agora.

O sono é como um rio, que flui eternamente.

E como o seu barqueiro você escolhe o velho John O'Dreams.












Hipnos (o sono) e seu irmão gêmeo Tânatos (a morte)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O presente II

O presente I

Dívidas Passadas

Pussy Cat


Pussy cat ... Pussy cat ...

She was a pretty girl that had a pretty face ...

And she was really dreaming about her future days ...

And knew that nothing ... nothing ... could be in her way.

Pussy cat ...

Pussy cat ...

Now let me introduce Mr. Dick Head...

Mister Dick Head that was a very cool guy ...

That really felt in love when look her at first time ...

Oh ... Dick Head ...

Dick Head.

Don’t be alarmed with the name of my little pets ...

They are just like you or me.

Life goes on in loops and confused roads ...

Just as it happens with me.

Pussy cat ...

Pussy cat ...

Dick Head ...

Dick Head.

The end of my story is not good to hear ...

A broken bloody heart is never easy to see ...

Cat's gone as Head lost his sanity

Hard to feel ... Hard to feel ...

It's hard to live.

Ben O'Buddy

In music.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Castelo de Dromore ('Cáslean Droma Mhor)


(Tradução livre - Ben O'Buddy)

Os ventos de Outubro
invadem com seus lamentos
O castelo de Dromore.
Ainda assim a paz
mora dentro dos seus muros.
Meu querido refúgio.
Mesmo quando as folhas de Outono
caem e morrem...
Ele continua sendo uma semente
de Primavera.
Sing hushabye low, lah loo, lo lan
Sing hushabye low, lah loo

Espíritos da morte vindos de águas negras.
Banshees selvagens... do Clan dos Owen.
Não nos tragam agouros, que nos façam mal.
A mim e a meu indefeso bebê.
E Nossa Senhora tende piedade de nós.
Do Céu nos mande sua graça.
Sing hushabye low, lah loo, lo lan
Sing hushabye low, lah loo

Aproveite o tempo para curar suas feridas
Meu raio de Sol. Nos jardins de Dromore.
Fique forte pequeno pássaro,
Até que suas asas o permitam alçar vôo.
Descanse um pouco, porque o nosso mundo...
Tem muito trabalho a ser feito.

Descanse um pouco, porque o nosso mundo...
Tem muito trabalho a ser feito.
Sing hushabye low, lah loo, lo lan
Sing hushabye low, lah loo

Satisfação em alta

Uma empresa colocou um anúncio fechado num jornal de grande circulação. Não dizia o nome e o endereço era de uma firma de Pessoal cujo endereço era distinto do da cede da empresa.

Ao analisar os currículos no Departamento Pessoal descobriram que o engenheiro Sérgio Souza havia se candidatado.

O caso é que o dito cujo já trabalhava naquela empresa.

A empresa era considerada a melhor do ramo e inclusive tinha ganhado o famoso certificado de qualidade japonês. Diziam que os executivos desenvolveram um método revolucionário de manter sempre em alta a satisfação dos funcionários. Embora ninguém soubesse como era realmente.

O assunto correu, e logo a alta cúpula da tal empresa já sabia do engenheiro e seu infeliz engano.

O conselho de diretores resolveu agir pessoalmente ... caso de extrema importância.

No mesmo dia, poucas horas depois, arrombaram a porta do departamento de desenvolvimento. Todos eles - com seus ternos, gravatas, celulares ... e os chicotes.

Sérgio estava enfiado debaixo da mesa. E de lá foi arrancado.

Apanhou que nem cão sem dono.

Dos corredores podia-se ouvir “Seu cabloco safado ... toma ...” e “ ... ele agora motiva ... motiva ou não motiva ?... seu porcaria”.

Dava p’ra ouvir também os gemidos do engenheiro Sérgio.

Ben O'Buddy.

Bad Time Tales.

Planárias

Era sexta feira e já passava das seis e quinze. E para os olhos atentos de Zé Felipe era hora de sair.

- Arnaldo, - gritou o Zé - v’ambora ... Que já são seis e blau ... vai fazer hora extra ?

Arnaldo estava na outra sala do laboratório - na verdade um pequeno viveiro de animais pouco comuns - Em todos os cantos se viam tanques com os seres mais variados dentro.

- Zé ,... você já alimentou as baratas da Ásia?

- Porra, é mesmo ... esqueci. - E, dizendo isso arrastou para perto um caixote repleto de caixas menores. - Deixa ver ,... puta merda ... barata é sacanagem.

- Pronto... parece que ‘tá tudo em cima . Escuta, onde você vai hoje ?

- Ih nêgo, ... hoje tem um pagodão na freguesia que é uma beleza ... - Zé já terminara suas funções e agora tirava agora o jaleco branco.

- Pô cara, ... eu tinha te falado ... daquelas meninas qu’eu conheço. Você disse que não queria ...

- Não é isso não. Não estou com cabeça ... O Pacheco ‘tá na minha cola ... você sabe o cara é o meu orientador.

- ‘Inda bem que eu não tenho nada com essas pesquisas doidas com esses bichos malucos. P’ra mim é só trabalho e pronto.

Zé abriu um armário onde pendurou o jaleco e se olhou num pequeno espelho pendurado num prego. Ajeitou o cabelo, liso e escorrido. Da sala ao lado escutou Arnaldo gritar ...

- Zé ... Zé ... que merda é essa aqui?

- Ah ... esqueci de te falar deixaram isso aí ... foi o pessoal do instituto. Sacanas.

- Droga tem que fazer a ficha ...

- É mer’mão ... o entendido aqui é você ... No bom sentido é claro... É contigo “mermo”.

- Ah, vai a merda. Fazer ficha de planária a essa hora ... Que merda.

Zé voltou para pegar a bolsa e aproveitou para ir ao banheiro urinar.

Quando ia saindo, ainda parou para brincar com Arnaldo...

- Leva a planária para o pagode meu chapa... - mas se assustou ao ver que o colega estava debruçado por sobre o pequeno tanque.

- Que é que houve, Arnaldo ... tu “tá” com uma cara ...

- É que eu ouvi um barulho esquisito ...

- Cê tá é louco ... não tem ninguém aqui além da gente ... e esses bichinhos não são de bater papo.

- Eu ouvi porra ... eu ouvi - Arnaldo exaltou-se. - E veio desse tanque ... Eu ouvi alguma coisa . Tem uma planária.

Zé riu e continuou caminhando até a porta ...

- Aí ouviu ...? Perguntou o Arnaldo quase que como apelando para a boa vontade do amigo.

E Zé Felipe disse, já fechando a porta :

- Essa é a voz da tua cabeça falando: “mulher” ... “mulher”. Teu mal é falta. - E saiu rindo .

Arnaldo continuou olhando fixamente para o tanque. Nem ouviu o último comentário do Zé Felipe.

Na segunda-feira, quando Zé Felipe chegou para trabalhar viu a porta aberta e pessoas esquisitas ... mas reconheceu o Dr. Pacheco que veio em sua direção ...

- Oi, Zé. Olha só p’ra isso ... quebraram tudo ... tudo estragado ... tudo - Pacheco estava visivelmente transtornado.

- Doutor Pacheco ... eu sinceramente ... não tô entendendo ... quem ia fazer uma coisa dessas ? Quem ?

- Eu não sei ... só sei que todas as pesquisas estão ... – Puta que merda - ... estão paradas e que ... o próprio reitor já veio me encher o saco.

- Olha, na sexta-feira ... quando eu saí ... só ficou o Arnaldo. E os seguranças?

- Calma, ... Zé ... eu sei que vocês não tem porra nenhuma que ver com isso. E o pior é que os seguranças dizem não ter visto nada. - Pacheco acendeu um cigarro. Estava bastante chateado. - Quanto ao Arnaldo ... eu não sei ... já liguei p’ra casa dele ... ele não apareceu desde sexta-feira. Sumiu. O Arnaldo é um garoto de ouro. Eu cobro dele porque sei do potencial do cara. É muito estranho... a mãe não fala com ele desde a sexta-feira.

Zé pousou sua bolsa no chão foi andando devagar pelo laboratório ... Estavam ali também pessoas da segurança ... estudantes e outros estagiários do setor ... todos perplexos.

Zé não conseguia parar de pensar no que teria acontecido com seu amigo Arnaldo depois que ele saiu do laboratório. Olhava p’ra aquela bagunça a seu redor ... que estranho!

Escutou Pacheco conversando com outras pessoas, mas sua atenção mesmo estava voltada para um certo ponto ... o tanque ... não estava quebrado como os outros. Zé chegou mais perto e viu que havia duas planárias no tanque ... o mesmo tanque que vira Arnaldo fichando pela última vez.

Zé Felipe sentiu uma mistura de medo e horror - que jamais experimentara antes - foi chegando p’ra trás e quando encontrou uma parede se deixou deslizar até o chão ... colocou a mão no rosto e emudeceu.

Zé Felipe voltou para o interior da Bahia para trabalhar com um tio ... Ele nunca mais falou uma palavra sequer.

Dizem também que o laboratório foi desativado.

Nunca ninguém disse mais nada sobre o Arnaldo ... ou sobre as planárias.


Ben O'Buddy

Bad Time Tales